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Por que a Fotografia em Preto e Branco Continua Encantando o Mundo da Arte

  • Foto do escritor: Leandro Cagiano
    Leandro Cagiano
  • 2 de out.
  • 3 min de leitura

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A fotografia em preto e branco nunca sai de moda. Pelo contrário, quanto mais o mundo se enche de cores vibrantes em telas e feeds, mais força parece ganhar o preto e branco como linguagem artística. Ele não é apenas uma ausência de cor, mas uma escolha estética e conceitual que transforma o ato de fotografar em uma busca pelo essencial.


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Quando eliminamos as cores, algo extraordinário acontece: nossa atenção é guiada diretamente para o que realmente importa. Luz, sombra, textura, forma, gesto. Tudo ganha uma intensidade quase palpável. O mestre da fotografia de rua Henri Cartier-Bresson dizia:


“A cor pode distrair a mente do coração.”

Na fotografia em preto e branco, não há distração. Existe o instante puro, o encontro entre o olhar e a emoção.

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Uma estética atemporal


O preto e branco carrega consigo um fascínio que transcende o tempo. Um retrato em PB poderia ter sido feito ontem ou há cem anos, a sensação é a mesma. O crítico e curador John Szarkowski, que revolucionou a fotografia no MoMA, observava que o preto e branco aproxima a fotografia da abstração artística, destacando linhas, formas e contrastes mais do que a realidade em si.


É por isso que tantas imagens históricas permanecem vivas em nossa memória: não importa a época, elas continuam atuais.


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Alguns fotógrafos marcaram a história com o PB


  • Ansel Adams: transformou paisagens em poemas visuais. Para ele, o PB era uma forma de “interpretar a realidade” e traduzir a emoção da natureza.

  • Richard Avedon: em seus retratos, acreditava que remover a cor intensificava a humanidade dos sujeitos. Sua série In the American West (1979–1984) é um exemplo poderoso disso.

  • Sebastião Salgado: talvez o maior nome contemporâneo do preto e branco, usa essa estética para comunicar a gravidade e a beleza das histórias humanas e ambientais. Como ele mesmo afirma:

    “O preto e branco não é apenas estética; é uma forma de comunicar a gravidade e a humanidade das histórias que registro.”



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Entre o real e o simbólico


O preto e branco não é apenas uma simplificação, ele é também uma forma de abstrair e simbolizar. O fotógrafo e professor Minor White afirmava que a fotografia em PB transformava a realidade física em “uma experiência espiritual”.


É como se, ao retirar as cores, abríssemos espaço para algo mais profundo: um silêncio que fala, uma emoção que se insinua, uma poesia que só se revela quando tudo é reduzido à luz e à sombra.



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Em plena era digital, com sensores cada vez mais potentes e cores saturadas que saltam da tela, optar pelo PB pode parecer uma contradição. Mas é justamente aí que está sua força.

Ele cria um contraponto à velocidade visual das redes sociais. Dá às imagens um peso artístico e conceitual. Desconstrói e abstrai, em parte, a realidade enquanto convida o espectador à se ater a outros detalhes que seriam mascarados pela cor.


Mais do que uma técnica, o preto e branco é um posicionamento artístico, assim como haviam os pintores coloristas e aqueles que se dedicavam ao chiaroscuro.


Conclusão


A fotografia em preto e branco continua viva porque transmite uma estética atemporal. Ela nos lembra que a essência não está nas cores, mas nas formas, nas texturas, nas luzes e, sobretudo, na simplicidade.


Quando Cartier-Bresson, Adams, Avedon, Salgado e tantos outros escolheram o preto e branco, eles não estavam “abrindo mão” da cor. Estavam criando um caminho mais direto para a poesia da imagem.


Talvez seja por isso que, mesmo em um mundo tão colorido, ainda nos emocionamos tanto ao ver uma boa fotografia em preto e branco. Porque, no fim das contas, ela nos mostra que a arte está justamente onde a simplicidade encontra a profundidade.


No meu caso, há trabalhos que pedem cor, outros em que a cor atrapalha. Prefiro não me confinar em uma única técnica, mas estar livre para transitar na criação artística.

 
 
 

1 comentário


Cinara Nobre de Carvalho
Cinara Nobre de Carvalho
03 de out.

Adorei o texto!

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